Quando os guppies machos não conquistam as fêmeas com sua boa aparência e movimentos de dança, eles se voltam para outro conjunto de ferramentas mais agressivo: garras nas pontas de seus órgãos genitais.
Os biólogos especulam há muito tempo que os guppies - peixes de água doce nativos do Caribe - usam pequenas garras nas pontas de seus órgãos genitais para garantir parceiros. Mas, até agora, ninguém testou essa teoria experimentalmente. Um grupo de biólogos da Universidade de Toronto conduziu um experimento para testar o papel das garras no acasalamento e descobriu que as garras ajudavam os machos a fechar o acordo com as fêmeas que não estavam dispostas a acasalar, relatam os pesquisadores hoje (23 de julho). a revista Biology Letters.
A princípio, os guppies masculinos adotam uma abordagem pacífica para o acasalamento e fazem um show para atrair as fêmeas. Quando têm sorte, as fêmeas os abordam de bom grado quando o show termina.
"O macho exibirá para a fêmea, estendendo seu corpo em forma de S e, em seguida, cintilando, mostrando esses pontos brilhantes", disse Lucia Kwan, estudante de graduação da Universidade de Toronto e coautora do relatório. "Se a fêmea é receptiva, ela desliza para o macho."
Mas, se as mulheres não demonstram interesse, os homens continuam a persegui-las. Eles esgueiram-se pela fêmea por trás ou por baixo e tentam forçar espermatozóides nela sem sua cooperação. Esse comportamento é comum em guppies na natureza, disse Kwan.
Para testar o papel das garras nessa tática de acasalamento, a equipe usou um bisturi para cortar as garras de um subconjunto de guppies de teste, deixando as garras intactas no restante do grupo de teste para comparação. Eles então colocaram cada macho em um tanque com uma fêmea virgem e esperaram até duas horas para observar o comportamento de acasalamento. No final de cada teste, a equipe extraiu as fêmeas dos tanques e as dissecou, removendo e quantificando a quantidade de espermatozóides dentro de cada fêmea.
A equipe descobriu que os machos com garras transferiam até três vezes mais espermatozóides para as fêmeas do que os machos com garras durante os acasalamentos forçados. No entanto, nos casos em que as mulheres se aproximavam ativamente dos homens, os homens com garras e as com garras obtinham sucesso comparável. Esse achado sugere que as garras podem ajudar os machos a apertar mais as fêmeas que se contorcem e não cooperam, mas, caso contrário, não são necessárias para a transferência de esperma.
Outros peixes relacionados ao guppy têm ferramentas de agarrar semelhantes nas pontas de sua genitália, incluindo anzóis e espinhos. A equipe espera explorar os papéis dessas outras estruturas - algumas das quais aparecem apenas em certos indivíduos de uma espécie - para entender melhor suas vantagens evolutivas na seleção sexual.
"Vemos esses padrões, mas ainda não sabemos quais mecanismos os estão dirigindo", disse Kwan ao LiveScience.
A equipe espera que este trabalho ajude a explicar por que a genitália de peixes varia tanto entre as espécies.
Nota do editor: Esta história foi atualizada para corrigir o periódico em que este estudo foi publicado. O estudo foi publicado na revista Biology Letters, e não na Proceedings of Royal Society B.