A doença viral não identificada que adoeceu dezenas na cidade chinesa de Wuhan não é uma síndrome respiratória aguda grave (SARS), de acordo com autoridades de saúde locais.
No início dos anos 2000, um surto de SARS varreu o mundo, infectando mais de 8.000 pessoas e matando mais de 750, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças. A epidemia começou na China e atingiu o país com mais força do que qualquer outra, então, quando uma forma desconhecida de pneumonia surgiu recentemente em Wuhan, provocou rumores de um segundo surto de SARS. Agora, as autoridades locais de saúde cruzaram oficialmente a SARS da lista de possíveis culpados, segundo o The New York Times.
As autoridades também confirmaram que a doença misteriosa não é a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), gripe aviária ou adenovírus.
Até domingo (5 de janeiro), 59 pessoas em Wuhan foram diagnosticadas com a doença não identificada, apresentando sintomas de febre, dores no corpo, dificuldades respiratórias e lesão pulmonar. O número total de pessoas infectadas é superior aos 44 casos registrados na semana passada.
Além disso, 21 pessoas que visitaram a cidade recentemente foram hospitalizadas em Hong Kong entre 31 de dezembro e 6 de janeiro, de acordo com um relatório do departamento de saúde de Hong Kong. A cidade também intensificará os esforços para detectar passageiros febris que viajam pelo aeroporto internacional e pelo sistema ferroviário de alta velocidade, segundo o relatório. As autoridades de saúde de Cingapura também estão em alerta para viajantes infectados e recentemente colocaram uma jovem em quarentena depois de sua viagem a Wuhan. Mais tarde, ela foi diagnosticada com uma doença viral comum, de acordo com o Ministério da Saúde de Cingapura.
Boatos de um possível surto de SARS ganharam força online no início deste mês, mas as autoridades chinesas censuraram a hashtag #WuhanSARS e agora estão investigando oito pessoas em Wuhan que supostamente divulgaram informações enganosas sobre o surto nas mídias sociais, informou o New York Times. O governo falhou em informar adequadamente as agências de saúde públicas e internacionais durante a histórica epidemia de SARS, o que pode explicar a reação dos cidadãos chineses a essa nova doença.
"Eu tenho que enfatizar que esta é uma doença nova, e ninguém na Terra já passou por isso antes", disse Leo Poon, especialista em saúde pública da Universidade de Hong Kong, ao The New York Times. "Espero que esse patógeno seja menos prejudicial, portanto não causaria uma grande epidemia semelhante à SARS. Seria um pesadelo para todos nós".
Até o momento, nenhum profissional de saúde contratou a doença misteriosa, o que pode indicar que o vírus não começou a se espalhar entre as pessoas, disse ao Times Wang Linfa, especialista em doenças infecciosas emergentes da Faculdade de Medicina Duke-NUS em Cingapura. "Não devemos entrar em pânico", afirmou.