Um medicamento usado para tratar o diabetes tipo 2 pode atrasar os efeitos do envelhecimento e aumentar a vida útil, sugere um novo estudo em animais.
Os ratos que receberam o medicamento, chamado metformina, viveram cerca de 5% mais do que aqueles que não receberam o medicamento. Os ratos tratados viveram 160 semanas, enquanto aqueles que não tomaram o medicamento viveram cerca de 150 semanas.
Os ratos que receberam metformina também tiveram maior probabilidade de estar fisicamente em forma na velhice e menos propensos a desenvolver catarata do que aqueles que não tomam o medicamento.
O tratamento com metformina parece imitar alguns dos efeitos da restrição calórica, como reduzir os níveis de colesterol e aumentar a expressão de certos genes, disseram os pesquisadores.
Restrição calórica significa comer menos calorias do que as queimadas todos os dias, e foi demonstrado em estudos com animais que aumenta a expectativa de vida. Mas no novo estudo, os ratos alimentados com metformina não foram submetidos a uma dieta restritiva - na verdade, eles ingeriram mais calorias do que aqueles que não receberam metformina.
O estudo sugere uma maneira possível de colher os benefícios da restrição calórica sem privação de alimentos.
No entanto, é muito cedo para saber se os resultados se aplicam aos seres humanos. Por um lado, os camundongos que viveram mais tiveram níveis séricos de metformina 10 vezes maiores do que aqueles observados em humanos que tomavam o medicamento para tratar o diabetes, disseram os pesquisadores. E os ratos que receberam uma dose ainda maior de metformina tiveram uma vida útil diminuída, porque a droga era tóxica (causava insuficiência renal). Os ratos também foram alimentados com uma dieta controlada por toda a vida, o que não é verdade para as pessoas, disse o pesquisador Rafael de Cabo, pesquisador sênior do Instituto Nacional do Envelhecimento.
Estudos futuros são necessários para determinar se a metformina tomada em doses seguras pode trazer benefícios para pessoas que não têm diabetes, disse Cabo.
Ainda assim, os resultados "aumentam a possibilidade de intervenções baseadas em metformina para promover o envelhecimento saudável", escreveram os pesquisadores na edição de 30 de julho da revista Nature Communications.
Estudos anteriores em pessoas associaram o tratamento com metformina a um risco reduzido de câncer de pâncreas e câncer de mama. Outro estudo constatou que pacientes com câncer de ovário que tomaram o medicamento para diabetes viveram mais tempo em comparação com aqueles que não tomaram o medicamento.
O novo estudo descobriu que a metformina aumentou as respostas antioxidantes dos animais ao estresse e reduziu a inflamação, o que pode ter um papel na aparente capacidade da droga de prolongar a vida útil.
É possível que a metformina possa afetar as bactérias intestinais, que não foram testadas no estudo, disseram os pesquisadores.
A metformina é uma droga relativamente segura, disse Cabo. Os possíveis efeitos colaterais da metformina incluem: diarréia, inchaço, dor de estômago, gosto metálico desagradável, dor de cabeça, rubor na pele e dores musculares, de acordo com o National Institutes of Health. Efeitos colaterais graves incluem dor no peito e erupção cutânea.
Alguns estudos em ratos sugerem que a droga aumenta o risco de crescimento não canceroso (pólipos) nos ovários, mas não se sabe se a metformina aumenta o risco de pólipos nas pessoas.